
Meu amor, me sinto feliz por saber que estás de volta.
Boa tarde amigos do grupo e especial ao meu amado Luís Magalhães.
Característica essencial do nosso tempo é fazer da morte tabu, talvez o último tabu. Nunca tinha acontecido na história da humanidade.
De qualquer modo, as nossas sociedades ainda mantêm dois dias por ano (1 e 2 de Novembro) em que permitem a visita dos mortos. Os cemitérios enchem-se e as pessoas ali estão ou por ali andam, numa recordação, talvez numa prece, num choro íntimo ou exteriorizado, e interrogando-se sobre o mistério da morte, esse mistério absolutamente opaco e laminante.
A morte põe-nos em confronto com o nada e abala-nos desde e até à raiz. Martin Heidegger foi o filósofo do século XX que levou mais fundo o pensamento sobre a morte. O homem é o ser da possibilidade, o existente para quem no seu ser a questão é esse mesmo ser, isto é, a quem o seu ser é dado como tarefa, como poder ser. Ora, a morte é a sua possibilidade "mais própria", pois é a que mais o caracteriza, "irreferível", pois corta a relação com tudo o resto, remetendo-o para si próprio, "intranscendível", pois, enquanto possibilidade da impossibilidade, é a possibilidade extrema, a que se não pode escapar. A tentação permanente é distrair-se e não assumir a morte como essa possibilidade mais própria, irreferível e intranscendível, escapando-lhe pelo palavreado, pelo recurso ao "toda a gente morre", mas não propriamente eu. O homem cai então no esquecimento de si mesmo e perde-se numa existência inautêntica.
Nilce Pinto:
Maninho vou me ausentar do face, meu sogro acabou de falescer
obrigada por vc existir, bjus
Querida o seu sogro está seguramente na intimidade do Hashem. Tenha esta certeza. O seu sogro só agiu moralmente quando agiu por dever. Mas, cumprindo o dever, que podia até exigir heroicidade e até a morte, merece ser feliz. Ora, só D-us pode ser o garante da harmonia entre o dever cumprido e a felicidade. Exige-se então moralmente que D-us exista. Por isso anime-se, filhinha do Hashem... Graça e Paz! Neste domínio, há um pudor que nos habita. Peço, pois, a compreensão benevolente da Amada Nilce Pinto.
Quando o meus pai morreu, olhei - era o fim de um mundo! - e constatei que o que dele restava não era ele e lembrei-me daquela pergunta lancinante que Tolstoi coloca na boca de Ivan Ilitch moribundo: onde é que eu estarei, quando cá já não estiver?
Sempre que passo pela terra que me viu nascer, faço uma visita ao cemitério e, ali, diante dos seus túmulos, ouço as palavras do anjo às mulheres diante do túmulo de Jesus : "Não está aqui!"
Diante da morte, fazemos a experiência do mistério pura e simplesmente. A morte é o absoluto, sem relação. O absoluto tem uma dupla face: a morte e Deus. Daí, tudo quanto dizemos sobre a morte e sobre Deus sentirmo-lo como nada que nos convoca para o silêncio, segundo o preceito de Wittgenstein: "Sobre aquilo de que se não pode falar deve-se calar."
Para onde vão os mortos? O que é morrer e o que é a morte? Depois, o quê?
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