O inferno mora na alma
De vez em quando o inferno se aproxima de mim, me envolve, me enreda. Fico com a alma dilacerada. Me desumanizo. Começo a lutar. E, com muito, esforço consigo enfraquecer as minhas trevas. Sei que não é uma vitória definitiva. O inferno me perseguirá outras vezes. Estarei, em outros momentos, à mercê de suas forças sutis e avassaladoras.
Houve um tempo em que eu tinha muito medo do inferno. Eu ficava aterrorizado com o cenário que os pregadores pintavam. Ficava ainda mais amedrontado quando alguém me dizia: “Se você continuar se comportando assim vai acabar indo para o inferno”.
Na minha infância, a ameaça de inferno era um expediente de controle muitíssimo eficaz. Quando a meninada se reunia e começava a aprontar, a expressão “cuidado com o inferno” era quase sempre suficiente para restaurar a ordem. Quando ouvia isso, a meninada ficava atônita; logo se lembrava de que Deus manda os desobedientes para um lugar bem longe, governado por Satanás. Lá os rebeldes são eternamente queimados; o fogo nunca apaga e bicho nunca morre.
Hoje, o inferno não me assusta mais. Aquele medo aterrador, quase sinistro, de ir para um lugar fétido, quente e comandado por um ser chifrudo que tortura suas vítimas com um tridente não me impressiona mais. Nenhuma pregação ou fala sobre o inferno me comove. O que mudou?
Descobri que o inferno não é um lugar para onde se vai depois da morte. Não, definitivamente não. O inferno mora bem aqui do lado; está entre nós, está em nós.
O inferno não é uma pessoa; ele está nas pessoas. O inferno não é uma coisa; ele está nas coisas. O inferno não é um lugar; ele está nos lugares; O inferno não é o mal; ele está no mal. O inferno não é uma entidade de outro mundo; ele está neste mundo. Não são as pessoas que vão para o inferno; é o inferno que vai para dentro das pessoas. Ninguém é torturado no inferno; é o inferno que, entrando nas pessoas, começa a impulsioná-las a um autoflagelo emocional e existencial. Ninguém é morto no inferno; é o inferno que, uma vez instalado nas pessoas, começa a matá-las por dentro.
O inferno não é uma categoria religiosa ou teológica. Sua existência não depende da anuência ou catalogação de uma determinada tradição e/ou dogma. Não é a religião que o institui; são as pessoas que o tornam real. O inferno existe porque pessoas existem. Ele está em todo lugar por onde o ser humano anda. O inferno mora na alma humana.
Embora não pareça, o inferno que a tradição religiosa pinta é muito menos terrível que o inferno que reside aqui. A postulação de um inferno fora do nosso mundo contribuiu, e muito, para que o inferno daqui atuasse livremente, se tornando cada vez mais infernal. A religião, ao fabricar um inferno em outras paragens cósmicas, como um ajuste de contas para depois da morte, mitigou o inferno daqui, tornou-o invisível. De certo modo, liberou as as pessoas para viverem no inferno se darem conta disso. Também deu liberdade para o homem infernal disseminar inferno sem que as forças anti-inferno possam constrangê-lo. Afinal de contas, o castigo está destinado para a vida no além. Pouco-se combate, reprime ou remedia aqui. É lá que tudo que tudo finalmente será pago.
Os religiosos e fundamentalistas também ganharam muito com essa história de construir um inferno no além. Com essa medida, eles puderam amansar, e maquiar ainda mais, os infernos e demônios que povoam a religião. Acabaram se livrando do risco de verem expostas as alianças espúrias que mantêm com os infernos e demônios que sutilmente governam as estruturas de poder da religião.
Hoje, o que sinto pelo inferno é uma enorme indignação. Sei que nem sempre percebo os infernos que existem no meu entorno, especialmente aqueles que estão sendo encubados dentro mim. Mas travo uma luta contínua para que o inferno jamais se torne comum, imperceptível. O inferno fica muito mais medonho, efetivo e devastador quando não é notado. Preciso lutar para que as cortinas que o envolvem e que o mascaram sejam destruídas. Preciso lutar para que as vísceras podres do inferno sejam expostas.
O inferno pode ser combatido tanto no plano pessoal e quanto no plano social. Contudo, em ambos os casos, a ação se constitui basicamente de plantar e cultivar amor. O que é o inferno senão uma ausência de amor, uma rejeição ao amor, um ódio declarado ao amor? O inferno se alimenta de tudo que mata o amor: indiferença, ódio, sadismo, presunção, ambição, inveja, ressentimento, mágoa etc.
O inferno nasce do fracasso do amor. Onde o amor floresce, o inferno morre. Onde o amor fracassa, o inferno finca raízes, se fortalece, constrói uma sede de governo, edifica repartições de comando.
A população do inferno não é feita de gente morta. São os vivos que vão para lá vivem aqui. Sempre que desprezamos o amor, passamos a engrossar as fileiras do inferno. E não há prática religiosa capaz de nos livrar do inferno. Apenas o amor pode pôr para fora o inferno que mora em nós.
O apóstolo João nos adverte: “Quem se recusa a amar não sabe o que mais importa sobre Deus, pois Deus é amor” [1 Jo. 1.8]*. Quando nos opomos a amar, plantamos no paraíso de Deus, o mundo em que vivemos, uma serpente semente de inferno. Não há oração, culto, louvor, campanha, novena, penitência, seja lá o que for, que mate essa semente. Tudo que importa para Deus é o amor. Sem amor, não há adoração que valha a pena. Sem amor, até as mais profundas preces se tornam sementes de inferno. A religião não pode destruir o inferno. Na verdade, em alguns casos, a religião faz é potencializar o inferno. Apenas o amor (Deus) pode aniquilar o inferno. Amemos.
Sostenes Lima
@Limasostenes
____________
*Fragmento citado de: Eugene Peterson. A mensagem: a bíblia em linguagem contemporânea. São Paulo: Vida, 2011. p. 1748.A mudança epistemológica que começou no âmbito da física se espalhou, vindo a se tornar plena e radical nos estudos epistêmicos. Foram as epistemologias pós-modernas que, de fato, abriram as fronteiras do mundo cognoscível. Até então havia certo consenso em torno da pretensão de objetividade propalada pelo paradigma epistemológico positivista, oriundo das ciências naturais e imitado nas ciências sociais. Conferia-se cientificidade apenas à investigação que fosse capaz de construir um saber objetivo, supostamene isento de intervenção e participação subjetiva e/ou histórico-social. A partir dos anos de 1960, um grupo de intelectuais (não homogêneo, é claro) liderados por Gilles Deleuze, Jacques Derrida, Michel Foucault entre outros, sob forte influência de Nietzsche e Heidegger, começou a q...Continuar a ler
No semanário português "Expresso" do Shabbat (sábado) passado existe uma referência ao teólogo René Lamertin. Não será René Laurentin? O texto é muito confuso. Mas assinale-se que é positivo que haja um saudável ceticismo. Ou uma crítica realmente séria.
http://2.bp.blogspot.com/-Jc47D_O81Fo/UESng8H_SBI/ AAAAAAAAL3s/sYHXCXMkJRI/s1600/ apari%C3%A7%C3%B5es.jpg — em Póvoa de Lanhoso, Braga
Luís Magalhães:
http://www.casadellibro.com/libros-ebooks/rene-laurentin/ 6933?gclid=cm-a_o2wm7icfycpfaod 30iadg
RENE LAURENTIN, Libros, obras, biografía y más en casadellibro.com
www.casadellibro.com
Libros de RENE LAURENTIN, Biografía, obras y su último libro. Comprar libros de RENE LAURENTIN en tu librería online casadellibro.com
Luís Magalhães informa:
http://expresso.sapo.pt/vaticano-poe-milagres-no-index= f750203
Vaticano põe milagres no Index
expresso.sapo.pt
Santa Sé publicou um guia turístico em que actualizou os santuários com milagres reconhecidos e tirou da lista alguns que considera fraudulentos.
Luís Magalhães: EU EM PÓVOA DE LANHOSO- Paz a vossos corações irmão amados...
A Palavra e como a semente que se semeia ...Ver maisPor: Arraial Espirita - "É preciso realmente ouvir o que vossa consciência interna vos dita. Para isso ...Ver maisPor: Mestres de Sabedoria
♥
Para ter realmente um BOM DIAAAAAAAA...
É preciso começá-lo com o pé direito...O dia que começa bem, tem grandes chances de continuar bem e terminar bem, tornando-se um daqueles dias inesquecíveis...
Se ao acordarmos, mentalizarmos isto e usarmos de pensamento positivo, todos os dias restantes de nossa vida podem vir a ser assim...Aqui tem mensagens para você começar bem o seu dia e para desejar o mesmo para os seus amigos... ABSAMOR OCULTO
Eu nunca vi você, nunca estive com você!!!Mas meu coração conhece o seu,
E faz com que eu te sinta real,
Com que seja aquilo que sempre idealizei,
Com que seja tudo aquilo que sonhei
É magia, sonho, fantasia...
Escuto sua voz no meu ouvido,
Sussurrando palavras doces, amigas, carinhosas...
Palavras de conforto, de alegria,
Palavras que me aquecem...
Que me fazem sonhar...
Sinto seus braços me envolvendo...
Me tocando, acariciando, apertando...
Mesmo longe, sinto sempre você pertinho de mim.
Espero que nunca, nunca você deixe de existir
Porque enquanto você estiver ai
Eu nunca estarei sozinha aqui!!!
(Giselda Diamantino)Mensagem do Dia 05/09/2012
Perdão é Humildade e Grandiosidade
O perdão pode ser considerado um ato de Humildade e Grandiosidade.
Grandiosidade, pois para que seja perdoado é necessário estar em um
nível muito elevado. O que nem todos conseguem. É necessário Humildade,pois é necessário relembrar atos e momentos que nos deixaram tristes
ou nos fizeram sofrer e nesse momento retirar tudo aquilo e esquecer.
É como retirar de uma criança aqueles momentos em que se fizeram lá atrás,
e que hoje já não se fazem necessários. Talvez algum dia, todos nós
vamos passar por essa prova, afinal é só assim que podemos nos testar,
para verificar se estamos evoluídos e tentar perdoar alguém.
Se um dia alguém te magoar, não ligue. Agradeça pelo momento
e lembre-se que se ela fez isso, é porque está mais necessita do que você.
Agora é a sua vez de mostrar seus conhecimentos e retirar tudo aquilo
que ficou guardado. Quando você perdoa alguém está quebrando barreiras
e mais barreiras que estavam amarrados, às vezes sem mesmo saber porque.
Nesse momento você se eleva e a única coisa que permanece em você é JESUS.
Todos erram, mas nem todos perdoam. Precisamos perdoar mais,
pra tentar errar menos.Quando nos permitimos entender o impacto de nossas ações não têm apenas em nós mesmos, mas em outros também ... percebemos a necessidade de tomar medidas amoroso. Cada um de nós tem o poder de corrigir as condições dentro, bem como a afetar o mundo em que vivemos Pratique atos constantes de bondade e você trazer a bondade sobre este planeta. O perdão é o ato mais fácil e mais poderoso de bondade que você pode fazer. Tanto para si mesmo e para os outros, esta atividade promove a unidade, a harmonia ea unidade que transforma o velho para o novo.
Doces sonhos
Quintin van der Kolf- Fotos de Sanderson GonçalvesPrevaleceu o bom senso do MP contra o fanatismo religioso que assola a democraci...Ver maisPor: Sanderson Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário
Shalom! Welcome to CAV Reformed Theology
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.