FREI HERMANO DA CÂMARA
http:// www.youtube.com/ watch?feature=pl ayer_embedded&v =ifUKhjZgIww
http:// youtu.be/ qjKJy-tw2K0
http:// www.tsf.pt/ PaginaInicial/ Vida/ Interior.aspx?co ntent_id=296036 3
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- 22:50
- 22:28
Manuel Magalhães partilhou uma ligação.
Carloss Alberto DE Oliveira Alberto Olivira gostam disto.
Ronaldo Ewing
Quanta besteirada, é como atirar n'água, o cara torna-se risível, ao tentar dar lógica ao irracional, ele não pode nem provar a existência de yeshu! Ridículo!
Quanta besteirada, é como atirar n'água, o cara torna-se risível, ao tentar dar lógica ao irracional, ele não pode nem provar a existência de yeshu! Ridículo!
Carloss Alberto DE Oliveira Alberto Olivira
quem nao sabe o que fala, deveria ficar calado, sr ronaldo.
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Ronaldo Ewing
Meu caro, já sei que você faz Avodá Zará, mas diga-me, gostaria de debater seriamente comigo, mas seriamente tá? E seriamente, quer com provas e fundamentos!
Meu caro, já sei que você faz Avodá Zará, mas diga-me, gostaria de debater seriamente comigo, mas seriamente tá? E seriamente, quer com provas e fundamentos!
Manuel Magalhães
À atenção de judeus e cristãos » Correligionário s, se me permitem a intromissão, o grande problema que eu vejo aqui é estarmos perante narrativas bíblicas e narrativas de índole históricas a serem encaradas não como o que são (um tipo de midrashim-narra tivas-estórias) mas com uma óptica bem absurda e fundamentalista . Elas não sucessos, eventos, totalmente embebidos de historicidade. Veja-se p.ex. a fixação em Mateus 2:23 e a constante presença aqui da TORAH do Talião (o ditador Hitler numa interpretação de "astúcia" hegeliana).
Hoje quero ser absolutamente "académico". Chega de procurar dados obsessivos. Convido-os a acessar um link de tipo universitário, foi e é uma aula-seminário com muitos vídeos. Onde o tema "midrash" é a chave de interpretação hernenêutica. http:// cavrt.blogspot.p t/2013/03/ carreira-das-nev es-videos.html
Durante dezoito séculos, ninguém se preocupou sequer em averiguar se Jesus teria realmente existido, escreve Frédéric Lenoir. "Não se punha o problema da crítica literária e histórica", diz o biblista-exeget a português Joaquim Carreira das Neves.
O panorama muda a partir do século XVIII. O Iluminismo e o progresso científico começam a ser também aplicados à investigação bíblica. Graças a este processo, sabemos hoje muito mais sobre Jesus do que há 200 anos - mesmo mais do que há duas décadas. Crítica literária, descobertas arqueológicas, antropologia cultural, economia das sociedades mediterrânicas são temas e métodos dissecados por investigadores e teólogos.
David Friedrich Strauss, Hermann Samuel Reimarus, Ernest Renan, Joseph Lagrange são nomes incontornáveis na "primeira investigação". O protestante Rudolf Bultmann é o inspirador da "nova" (ou segunda) investigação acerca do Jesus histórico. Em alguns casos - Bultmann é o extremo - vai-se ao ponto de defender que o Jesus da História nunca poderá ser conhecido, pois os relatos dos evangelhos são reflexo do Cristo da fé das primeiras comunidades cristãs e já não da personagem histórica.
Só desde há duas décadas a terceira vaga de investigação começou a trazer ao de cima aspectos até aqui ignorados acerca de Jesus. E o primeiro deles foi reconhecer que ele era, afinal, um judeu do seu tempo. Outra diferença importante em relação às duas primeiras fases de investigação: considera-se que o Jesus da fé é a continuação natural do Jesus da História.
O problema das fontes é, aqui, fundamental. Hoje, os exegetas pensam que os quatro evangelhos são as fontes mais importantes, mesmo para o conhecimento do Jesus histórico. Mas em alguns casos, pode haver perspectivas demasiado historicistas, diz Carreira das Neves, que critica o livro de Joseph Ratzinger/ Bento XVI por essa abordagem.
Antes dos evangelhos de Mateus e Marcos (este último o primeiro a ser escrito, por volta do ano 60), terá havido um manuscrito entretanto desaparecido, citado nos dois textos evangélicos, que a exegese designa como fonte "Q". O biblista catalão Armand Puig escreve que "o texto do Novo Testamento, que possuímos graças aos estudos de paleografia e de crítica textual, é digno de confiança".
Durante décadas, aliás, consideraram-se os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas como os mais históricos. O de João seria um texto elaborado fundamentalment e a partir da fé dos primeiros cristãos. As descobertas arqueológicas dos últimos anos, em Israel, têm confirmado, no entanto, vários elementos que apenas o texto de João refere. Um deles é a piscina de Siloé, perto de Jeruusalém, onde Jesus cura um cego de nascença.
À atenção de judeus e cristãos » Correligionário
Hoje quero ser absolutamente "académico". Chega de procurar dados obsessivos. Convido-os a acessar um link de tipo universitário, foi e é uma aula-seminário com muitos vídeos. Onde o tema "midrash" é a chave de interpretação hernenêutica. http://
Durante dezoito séculos, ninguém se preocupou sequer em averiguar se Jesus teria realmente existido, escreve Frédéric Lenoir. "Não se punha o problema da crítica literária e histórica", diz o biblista-exeget
O panorama muda a partir do século XVIII. O Iluminismo e o progresso científico começam a ser também aplicados à investigação bíblica. Graças a este processo, sabemos hoje muito mais sobre Jesus do que há 200 anos - mesmo mais do que há duas décadas. Crítica literária, descobertas arqueológicas, antropologia cultural, economia das sociedades mediterrânicas são temas e métodos dissecados por investigadores e teólogos.
David Friedrich Strauss, Hermann Samuel Reimarus, Ernest Renan, Joseph Lagrange são nomes incontornáveis na "primeira investigação". O protestante Rudolf Bultmann é o inspirador da "nova" (ou segunda) investigação acerca do Jesus histórico. Em alguns casos - Bultmann é o extremo - vai-se ao ponto de defender que o Jesus da História nunca poderá ser conhecido, pois os relatos dos evangelhos são reflexo do Cristo da fé das primeiras comunidades cristãs e já não da personagem histórica.
Só desde há duas décadas a terceira vaga de investigação começou a trazer ao de cima aspectos até aqui ignorados acerca de Jesus. E o primeiro deles foi reconhecer que ele era, afinal, um judeu do seu tempo. Outra diferença importante em relação às duas primeiras fases de investigação: considera-se que o Jesus da fé é a continuação natural do Jesus da História.
O problema das fontes é, aqui, fundamental. Hoje, os exegetas pensam que os quatro evangelhos são as fontes mais importantes, mesmo para o conhecimento do Jesus histórico. Mas em alguns casos, pode haver perspectivas demasiado historicistas, diz Carreira das Neves, que critica o livro de Joseph Ratzinger/
Antes dos evangelhos de Mateus e Marcos (este último o primeiro a ser escrito, por volta do ano 60), terá havido um manuscrito entretanto desaparecido, citado nos dois textos evangélicos, que a exegese designa como fonte "Q". O biblista catalão Armand Puig escreve que "o texto do Novo Testamento, que possuímos graças aos estudos de paleografia e de crítica textual, é digno de confiança".
Durante décadas, aliás, consideraram-se
Manuel Magalhães
Mais: o imenso material com cópias dos textos do Novo Testamento é "muito superior a qualquer outro texto da antiguidade grega ou latina". E também não existe nenhuma cópia de obras da antiguidade tão próxima do original como os textos bíblicos do cristianismo. Puig compara: "A distância temporal entre a data de elaboração do Evangelho segundo João (anos 95-100 d.C) e o primeiro testemunho deste texto evangélico (125 d.C.) é extraordinariam ente pequena", se cotejada com a mais antiga cópia da Poética de Aristóteles - data do século X, 1400 anos depois de ter sido escrita.
Não são só os evangelhos e outras fontes cristãs dos dois primeiros séculos (incluindo os textos apócrifos, não reconhecidos pelas primeiras comunidades como autênticos) que servem de fonte para conhecer o Jesus histórico. Há também textos não cristãos: Flávio Josefo e outros documentos judaicos, Tácito, Suetónio e Plínio entre os autores romanos, e ainda fontes helenísticas e islâmicas. Todos convergem para uma conclusão: a existência histórica de Jesus "não oferece qualquer tipo de dúvida" e negá-la seria um "exercício de irresponsabilid ade", escreve Puig.
Mas quem é, afinal, esta personagem?
2. Um judeu marginal
Judeu marginal? É certo que Jesus incomodou sobretudo alguns líderes religiosos do seu tempo. Neste caso, a expressão que John P. Meier utiliza como título da sua obra de referência aponta para outros aspectos: Jesus foi insignificante para historiadores judeus e pagãos da época; a sua morte foi a mesma da destinada aos escravos e rebeldes, aos "malditos de Deus"; ele próprio tornou-se marginal, ao escolher uma vida de pregador itinerante; ensinamentos como a rejeição do divórcio e do jejum voluntário, e práticas como a opção pelo celibato "não estavam de acordo" com ideias e práticas dos judeus do seu tempo.
Em muitos autores da primeira investigação, Jesus é desligado do seu contexto histórico-relig ioso. O seu judaísmo não é reconhecido. Na terceira investigação, essa é uma diferença fundamental, diz à Pública Armand Puig, que há duas semanas esteve em Lisboa.
"Na arqueologia que se está a fazer na Galileia e na análise de textos como os de Flávio Josefo temos muita informação da vida sobre o contexto judaico em que Jesus viveu", afirma Puig. E os frutos desses trabalhos arqueológicos começam a notar-se na exegese, acrescenta.
Mais: o imenso material com cópias dos textos do Novo Testamento é "muito superior a qualquer outro texto da antiguidade grega ou latina". E também não existe nenhuma cópia de obras da antiguidade tão próxima do original como os textos bíblicos do cristianismo. Puig compara: "A distância temporal entre a data de elaboração do Evangelho segundo João (anos 95-100 d.C) e o primeiro testemunho deste texto evangélico (125 d.C.) é extraordinariam
Não são só os evangelhos e outras fontes cristãs dos dois primeiros séculos (incluindo os textos apócrifos, não reconhecidos pelas primeiras comunidades como autênticos) que servem de fonte para conhecer o Jesus histórico. Há também textos não cristãos: Flávio Josefo e outros documentos judaicos, Tácito, Suetónio e Plínio entre os autores romanos, e ainda fontes helenísticas e islâmicas. Todos convergem para uma conclusão: a existência histórica de Jesus "não oferece qualquer tipo de dúvida" e negá-la seria um "exercício de irresponsabilid
Mas quem é, afinal, esta personagem?
2. Um judeu marginal
Judeu marginal? É certo que Jesus incomodou sobretudo alguns líderes religiosos do seu tempo. Neste caso, a expressão que John P. Meier utiliza como título da sua obra de referência aponta para outros aspectos: Jesus foi insignificante para historiadores judeus e pagãos da época; a sua morte foi a mesma da destinada aos escravos e rebeldes, aos "malditos de Deus"; ele próprio tornou-se marginal, ao escolher uma vida de pregador itinerante; ensinamentos como a rejeição do divórcio e do jejum voluntário, e práticas como a opção pelo celibato "não estavam de acordo" com ideias e práticas dos judeus do seu tempo.
Em muitos autores da primeira investigação, Jesus é desligado do seu contexto histórico-relig
"Na arqueologia que se está a fazer na Galileia e na análise de textos como os de Flávio Josefo temos muita informação da vida sobre o contexto judaico em que Jesus viveu", afirma Puig. E os frutos desses trabalhos arqueológicos começam a notar-se na exegese, acrescenta.
Manuel Magalhães
O judaísmo da época de Jesus é "muito mais complexo e plural do que se pensava há poucos anos", diz por seu turno o biblista basco José Antonio Pagola. Hoje, "destaca-se muito a dimensão judia de Jesus dentro do marco sócio-político e económico da Galileia dos anos 30". De tal forma que, mesmo entre os judeus, há cada vez mais investigadores contemporâneos fundamentais para a compreensão e estudo do Jesus histórico. David Flusser, Jacob Neusner ou Geza Vermes são apenas alguns dos nomes mais destacados neste panorama.
Nos diversos estudos, afirma-se com mais insistência a convicção de que Jesus estava próximo dos fariseus - pelo menos, tinha vários amigos entre eles. Estranho? As referências pejorativas dos evangelhos aos fariseus explicam-se porque, quando esses textos são escritos, o judaísmo que sobressaía depois da destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos, no ano 70, era o da corrente farisaica.
Fora isso, Jesus ia à sinagoga no SHABBAT e professava a TORAH de Moisés (as práticas judaicas da época). Era um judeu. Mas quer em relação ao SHABBAT, quer acerca da TORAH, Jesus afastar-se-á de concepções dominantes no judaísmo (nos judaísmos, para se ser mais rigoroso) do tempo. E essas serão também razões que ajudarão à sentença que o levará à morte.
O judaísmo da época de Jesus é "muito mais complexo e plural do que se pensava há poucos anos", diz por seu turno o biblista basco José Antonio Pagola. Hoje, "destaca-se muito a dimensão judia de Jesus dentro do marco sócio-político e económico da Galileia dos anos 30". De tal forma que, mesmo entre os judeus, há cada vez mais investigadores contemporâneos fundamentais para a compreensão e estudo do Jesus histórico. David Flusser, Jacob Neusner ou Geza Vermes são apenas alguns dos nomes mais destacados neste panorama.
Nos diversos estudos, afirma-se com mais insistência a convicção de que Jesus estava próximo dos fariseus - pelo menos, tinha vários amigos entre eles. Estranho? As referências pejorativas dos evangelhos aos fariseus explicam-se porque, quando esses textos são escritos, o judaísmo que sobressaía depois da destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos, no ano 70, era o da corrente farisaica.
Fora isso, Jesus ia à sinagoga no SHABBAT e professava a TORAH de Moisés (as práticas judaicas da época). Era um judeu. Mas quer em relação ao SHABBAT, quer acerca da TORAH, Jesus afastar-se-á de concepções dominantes no judaísmo (nos judaísmos, para se ser mais rigoroso) do tempo. E essas serão também razões que ajudarão à sentença que o levará à morte.
Manuel Magalhães
3. Um nascimento singular
À semelhança de outros pormenores da sua vida, "as circunstâncias exactas do nascimento de Jesus permanecem misteriosas e desconhecidas", observa Jacques Duquesne. Uma coisa é certa: Yeshua pode ter nascido num qualquer dos 365 dias do ano (provavelmente, não nos dias frios, já que, se havia pastores, estes estariam nos montes só no tempo mais quente). A data de 25 de Dezembro foi adoptada pelos cristãos em Roma, para dizer que Jesus era o novo sol que merecia ser festejado em lugar do solstício de Inverno.
A partir daqui, há divergências entre os especialistas. O lugar do nascimento pode ter sido Nazaré da Galileia (onde foi criado) ou Belém da Judeia. Carreira das Neves pensa que as narrativas da infância de Jesus contidas nos evangelhos de Mateus e Lucas são narrativas "midrashicas" - ou seja, catequéticas, "criadas literariamente" para explicar determinada mensagem. "Não se pode comprovar historicamente o nascimento virginal" - que leva à discussão sobre se Jesus tinha ou não irmãos -, por exemplo. Esses temas devem ser deixados à liberdade de investigação dos exegetas, defende o biblista português.
Armand Puig acredita pelo contrário que, mesmo sem se poder conciliar o que dizem Mateus e Lucas (os únicos com narrativas sobre a infância de Jesus), "há algumas informações plausíveis" em ambos. Os magos teriam sido conduzidos por uma estrela? Certo é que os astrónomos chineses e coreanos da época registaram "algo no céu que foi descrevendo um arco". Passou-se isto entre os anos 6 e 5 a.C. - ou seja, coincidindo com o período em que, hoje, se situa o nascimento de Jesus: entre 6 e 3 antes da nossa era.
Quer a linguagem seja simbólica quer seja real, os relatos do nascimento querem falar de um Deus pobre, que se revela primeiro aos mais desprezados (os pastores) e que nasce para todos os povos (a presença dos sábios-astrólog os).
3. Um nascimento singular
À semelhança de outros pormenores da sua vida, "as circunstâncias exactas do nascimento de Jesus permanecem misteriosas e desconhecidas",
A partir daqui, há divergências entre os especialistas. O lugar do nascimento pode ter sido Nazaré da Galileia (onde foi criado) ou Belém da Judeia. Carreira das Neves pensa que as narrativas da infância de Jesus contidas nos evangelhos de Mateus e Lucas são narrativas "midrashicas" - ou seja, catequéticas, "criadas literariamente"
Armand Puig acredita pelo contrário que, mesmo sem se poder conciliar o que dizem Mateus e Lucas (os únicos com narrativas sobre a infância de Jesus), "há algumas informações plausíveis" em ambos. Os magos teriam sido conduzidos por uma estrela? Certo é que os astrónomos chineses e coreanos da época registaram "algo no céu que foi descrevendo um arco". Passou-se isto entre os anos 6 e 5 a.C. - ou seja, coincidindo com o período em que, hoje, se situa o nascimento de Jesus: entre 6 e 3 antes da nossa era.
Quer a linguagem seja simbólica quer seja real, os relatos do nascimento querem falar de um Deus pobre, que se revela primeiro aos mais desprezados (os pastores) e que nasce para todos os povos (a presença dos sábios-astrólog
Manuel Magalhães
CAV Reformed Theology: CARREIRA DAS NEVES - VIDEOS [HEMEROTECA DE EXEGESE]
cavrt.blogspot. com
CAV Reformed Theology: CARREIRA DAS NEVES - VIDEOS [HEMEROTECA DE EXEGESE]
cavrt.blogspot.
Manuel Magalhães
4. Um homem ou Deus?
Messias ou Filho do Homem?
Jesus raramente se nomeia. Quase sempre pergunta aos outros como é chamado. O episódio mais interessante é quando interroga os companheiros: "Quem dizem os homens que eu sou?" A resposta é variada: João Baptista, Elias, um dos profetas... "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro toma a palavra para responder: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo." E Jesus diz-lhes para não contarem a ninguém.
"Jesus nunca disse que era o Messias, mas entrou em Jerusalém como se fosse", diz Armand Puig. No primeiro volume (único até agora publicado) da sua obra Jesus de Nazaré, o actual Papa fala dos títulos que Jesus se atribuía a si mesmo: o Filho do Homem, o Filho e Eu sou.
O título de Cristo (Messias), que interpreta uma das convicções dos cristãos em relação a Jesus "depressa desaparece como título isolado, unindo-se com o nome de Jesus: Jesus Cristo", escreve Ratzinger.
Quando Jesus morre, Marcos coloca na boca de um centurião romano a afirmação: "Verdadeirament e, este homem era filho de Deus" - uma definição reservada ao imperador. Com isso, o evangelista quer alargar a afirmação de fé na divindade de Jesus não só aos judeus, mas a todos os povos.
5. Um profeta
Jesus já foi mestre espiritual, rabino, revolucionário social - entre muitos outros modelos. Mas a definição de profeta era comum, no modo como os contemporâneos se lhe referiam, nota Albert Nolan. Profeta como alguém capaz de ler os sinais do tempo - no caso de Jesus, uma marca integrante da sua espiritualidade .
José Antonio Pagola diz que se destaca a "dimensão profética de Jesus, a sua crítica social e religiosa à sociedade do seu tempo, a sua actividade terapêutica, a sua comensalidade com pecadores e pessoas indesejáveis, a sua defesa dos últimos, o seu acolhimento às mulheres".
4. Um homem ou Deus?
Messias ou Filho do Homem?
Jesus raramente se nomeia. Quase sempre pergunta aos outros como é chamado. O episódio mais interessante é quando interroga os companheiros: "Quem dizem os homens que eu sou?" A resposta é variada: João Baptista, Elias, um dos profetas... "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro toma a palavra para responder: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo." E Jesus diz-lhes para não contarem a ninguém.
"Jesus nunca disse que era o Messias, mas entrou em Jerusalém como se fosse", diz Armand Puig. No primeiro volume (único até agora publicado) da sua obra Jesus de Nazaré, o actual Papa fala dos títulos que Jesus se atribuía a si mesmo: o Filho do Homem, o Filho e Eu sou.
O título de Cristo (Messias), que interpreta uma das convicções dos cristãos em relação a Jesus "depressa desaparece como título isolado, unindo-se com o nome de Jesus: Jesus Cristo", escreve Ratzinger.
Quando Jesus morre, Marcos coloca na boca de um centurião romano a afirmação: "Verdadeirament
5. Um profeta
Jesus já foi mestre espiritual, rabino, revolucionário social - entre muitos outros modelos. Mas a definição de profeta era comum, no modo como os contemporâneos se lhe referiam, nota Albert Nolan. Profeta como alguém capaz de ler os sinais do tempo - no caso de Jesus, uma marca integrante da sua espiritualidade
José Antonio Pagola diz que se destaca a "dimensão profética de Jesus, a sua crítica social e religiosa à sociedade do seu tempo, a sua actividade terapêutica, a sua comensalidade com pecadores e pessoas indesejáveis, a sua defesa dos últimos, o seu acolhimento às mulheres".
Manuel Magalhães
A dimensão de Jesus como terapeuta nem sempre foi bem vista por alguns exegetas. John Meier dedica aos milagres de Jesus o mais extenso volume da sua obra. "Pintar o Jesus histórico sem dar o devido peso à sua fama como realizador de milagres" não é uma descrição exacta deste "judeu estranho e complexo, mas sim um Jesus domesticado", escreve.
No centro da mensagem e da vida de Jesus, está a ideia de "Reino de Deus", comum a todos os evangelhos. Jesus nunca explica directamente o que entende pela expressão, pois quando a utiliza é para dizer, por parábolas, "o reino de Deus é semelhante a...".
Pagola define-a deste modo: "É o projecto de Deus de construir um mundo mais humano, mais justo e mais ditoso para todos, começando pelos últimos."
6. Um condenado
Aclamado por uma pequena multidão à sua chegada a Jerusalém, Jesus será pouco depois condenado à morte. Alguns líderes religiosos decidem entregá-lo às autoridades romanas. De acordo com os evangelhos, há duas causas principais para a condenação.
Na versão de João, depois de Jesus ressuscitar o amigo Lázaro, que morrera três dias antes, alguns judeus foram ter com as autoridades "e contaram-lhes o que Jesus tinha feito". Razão suficiente para decidir a morte.
Nos três evangelhos sinópticos - Mateus, Marcos e Lucas - a causa imediata para a condenação é a entrada violenta e purificadora de Jesus em pleno Templo de Jerusalém: "Entrando no templo começou a expulsar os vendedores. E dizia-lhes: 'Está escrito: A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões'." O ensino de Jesus no templo que deixava o povo "suspenso dos seus lábios" levou os líderes religiosos da época a procurar a sua morte, conta o texto de Lucas.
Estes são os dias decisivos. Quando Jesus celebra a Páscoa judaica com os mais próximos, anuncia-lhes que irá morrer e um deles irá traí-lo. Depois da refeição, saem para o Monte das Oliveiras, onde Jesus se sente invadido por uma "tristeza de morte".
Uma conspiração política e jurídica, analisada por Joachim Gnilka. Preso e levado perante o procurador romano, Pôncio Pilatos, Jesus acaba condenado à morte, satisfazendo os desejos dos líderes de alguns grupos religiosos - nomeadamente os saduceus, como recorda Michel Quesnel. "Sumos-sacerdot es e governador agiram em total cumplicidade", um autêntico "conluio", diz este biblista.
A dimensão de Jesus como terapeuta nem sempre foi bem vista por alguns exegetas. John Meier dedica aos milagres de Jesus o mais extenso volume da sua obra. "Pintar o Jesus histórico sem dar o devido peso à sua fama como realizador de milagres" não é uma descrição exacta deste "judeu estranho e complexo, mas sim um Jesus domesticado", escreve.
No centro da mensagem e da vida de Jesus, está a ideia de "Reino de Deus", comum a todos os evangelhos. Jesus nunca explica directamente o que entende pela expressão, pois quando a utiliza é para dizer, por parábolas, "o reino de Deus é semelhante a...".
Pagola define-a deste modo: "É o projecto de Deus de construir um mundo mais humano, mais justo e mais ditoso para todos, começando pelos últimos."
6. Um condenado
Aclamado por uma pequena multidão à sua chegada a Jerusalém, Jesus será pouco depois condenado à morte. Alguns líderes religiosos decidem entregá-lo às autoridades romanas. De acordo com os evangelhos, há duas causas principais para a condenação.
Na versão de João, depois de Jesus ressuscitar o amigo Lázaro, que morrera três dias antes, alguns judeus foram ter com as autoridades "e contaram-lhes o que Jesus tinha feito". Razão suficiente para decidir a morte.
Nos três evangelhos sinópticos - Mateus, Marcos e Lucas - a causa imediata para a condenação é a entrada violenta e purificadora de Jesus em pleno Templo de Jerusalém: "Entrando no templo começou a expulsar os vendedores. E dizia-lhes: 'Está escrito: A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões'." O ensino de Jesus no templo que deixava o povo "suspenso dos seus lábios" levou os líderes religiosos da época a procurar a sua morte, conta o texto de Lucas.
Estes são os dias decisivos. Quando Jesus celebra a Páscoa judaica com os mais próximos, anuncia-lhes que irá morrer e um deles irá traí-lo. Depois da refeição, saem para o Monte das Oliveiras, onde Jesus se sente invadido por uma "tristeza de morte".
Uma conspiração política e jurídica, analisada por Joachim Gnilka. Preso e levado perante o procurador romano, Pôncio Pilatos, Jesus acaba condenado à morte, satisfazendo os desejos dos líderes de alguns grupos religiosos - nomeadamente os saduceus, como recorda Michel Quesnel. "Sumos-sacerdot es e governador agiram em total cumplicidade", um autêntico "conluio", diz este biblista.
A dimensão de Jesus como terapeuta nem sempre foi bem vista por alguns exegetas. John Meier dedica aos milagres de Jesus o mais extenso volume da sua obra. "Pintar o Jesus histórico sem dar o devido peso à sua fama como realizador de milagres" não é uma descrição exacta deste "judeu estranho e complexo, mas sim um Jesus domesticado", escreve.
No centro da mensagem e da vida de Jesus, está a ideia de "Reino de Deus", comum a todos os evangelhos. Jesus nunca explica directamente o que entende pela expressão, pois quando a utiliza é para dizer, por parábolas, "o reino de Deus é semelhante a...".
Pagola define-a deste modo: "É o projecto de Deus de construir um mundo mais humano, mais justo e mais ditoso para todos, começando pelos últimos."
6. Um condenado
Aclamado por uma pequena multidão à sua chegada a Jerusalém, Jesus será pouco depois condenado à morte. Alguns líderes religiosos decidem entregá-lo às autoridades romanas. De acordo com os evangelhos, há duas causas principais para a condenação.
Na versão de João, depois de Jesus ressuscitar o amigo Lázaro, que morrera três dias antes, alguns judeus foram ter com as autoridades "e contaram-lhes o que Jesus tinha feito". Razão suficiente para decidir a morte.
Nos três evangelhos sinópticos - Mateus, Marcos e Lucas - a causa imediata para a condenação é a entrada violenta e purificadora de Jesus em pleno Templo de Jerusalém: "Entrando no templo começou a expulsar os vendedores. E dizia-lhes: 'Está escrito: A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões'." O ensino de Jesus no templo que deixava o povo "suspenso dos seus lábios" levou os líderes religiosos da época a procurar a sua morte, conta o texto de Lucas.
Estes são os dias decisivos. Quando Jesus celebra a Páscoa judaica com os mais próximos, anuncia-lhes que irá morrer e um deles irá traí-lo. Depois da refeição, saem para o Monte das Oliveiras, onde Jesus se sente invadido por uma "tristeza de morte".
Uma conspiração política e jurídica, analisada por Joachim Gnilka. Preso e levado perante o procurador romano, Pôncio Pilatos, Jesus acaba condenado à morte, satisfazendo os desejos dos líderes de alguns grupos religiosos - nomeadamente os saduceus, como recorda Michel Quesnel. "Sumos-sacerdot
A dimensão de Jesus como terapeuta nem sempre foi bem vista por alguns exegetas. John Meier dedica aos milagres de Jesus o mais extenso volume da sua obra. "Pintar o Jesus histórico sem dar o devido peso à sua fama como realizador de milagres" não é uma descrição exacta deste "judeu estranho e complexo, mas sim um Jesus domesticado", escreve.
No centro da mensagem e da vida de Jesus, está a ideia de "Reino de Deus", comum a todos os evangelhos. Jesus nunca explica directamente o que entende pela expressão, pois quando a utiliza é para dizer, por parábolas, "o reino de Deus é semelhante a...".
Pagola define-a deste modo: "É o projecto de Deus de construir um mundo mais humano, mais justo e mais ditoso para todos, começando pelos últimos."
6. Um condenado
Aclamado por uma pequena multidão à sua chegada a Jerusalém, Jesus será pouco depois condenado à morte. Alguns líderes religiosos decidem entregá-lo às autoridades romanas. De acordo com os evangelhos, há duas causas principais para a condenação.
Na versão de João, depois de Jesus ressuscitar o amigo Lázaro, que morrera três dias antes, alguns judeus foram ter com as autoridades "e contaram-lhes o que Jesus tinha feito". Razão suficiente para decidir a morte.
Nos três evangelhos sinópticos - Mateus, Marcos e Lucas - a causa imediata para a condenação é a entrada violenta e purificadora de Jesus em pleno Templo de Jerusalém: "Entrando no templo começou a expulsar os vendedores. E dizia-lhes: 'Está escrito: A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões'." O ensino de Jesus no templo que deixava o povo "suspenso dos seus lábios" levou os líderes religiosos da época a procurar a sua morte, conta o texto de Lucas.
Estes são os dias decisivos. Quando Jesus celebra a Páscoa judaica com os mais próximos, anuncia-lhes que irá morrer e um deles irá traí-lo. Depois da refeição, saem para o Monte das Oliveiras, onde Jesus se sente invadido por uma "tristeza de morte".
Uma conspiração política e jurídica, analisada por Joachim Gnilka. Preso e levado perante o procurador romano, Pôncio Pilatos, Jesus acaba condenado à morte, satisfazendo os desejos dos líderes de alguns grupos religiosos - nomeadamente os saduceus, como recorda Michel Quesnel. "Sumos-sacerdot
Manuel Magalhães
Sabemos alguma coisa, afinal?
"Há muitos aspectos sobre o Jesus histórico que permanecerão um mistério", escreve Ed Parish Sanders. Jesus teve irmãos? Como e quando nasceu? Que consciência tinha acerca da missão que assumira (ou, para os crentes, que tinha enquanto Deus)? Ressuscitou ele na manhã de Páscoa?
Ainda Sanders: "Nada é mais misterioso do que a história da sua ressurreição, que tenta retratar uma experiência que os próprios autores não conseguiram compreender. Mas (...) sabemos muito sobre Jesus. Sabemos que iniciou a vida pública sob João Baptista, que teve discípulos, que esperava o Reino, que foi da Galileia para Jerusalém, fez algo hostil ao Templo, foi julgado e crucificado. (...) Sabemos quem ele era, o que fez, o que ensinou e porque morreu; e, talvez o mais importante, sabemos como inspirou os seus seguidores, que, por vezes, não o entenderam, mas que lhe foram tão fiéis que mudaram a história."
Bibliografia utilizada:
Albert Nolan, Jesus Hoje, Paulinas; Armand Puig, Jesus - Uma Biografia, Paulus ; E.P. Sanders, A Verdadeira História de Jesus, Notícias/Casa das Letras; Ernest Renan, A Vida de Jesus, Livros de Vida; Frédéric Lenoir, Cristo Filósofo, Caleidoscópio; Giovanni Papini, História de Cristo, Livros do Brasil; Henri Tincq, Os Génios do Cristianismo, Público/ Gradiva; Jacques Duquesne, Jesus, Círculo de Leitores/Temas e Debates;
Joachim Gnilka, Jesus de Nazaré, Presença; Joaquim Carreira das Neves, Jesus Cristo - História e Mistério, Ed. Franciscana; John P. Meier, Um Judeu Marginal - Repensando o Jesus Histórico, Imago (Brasil), distr. Dinalivro;
José Antonio Pagola, Jesus --Uma Abordagem Histórica, Gráfica de Coimbra; José Tolentino Mendonça, A Construção de Jesus, Assírio & Alvim; (idem), A Leitura Infinita, Assírio & Alvim; Joseph Marie Lagrange, Vida de Jesucristo Segun el Evangelio, Edibesa (Madrid) ; Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros; Michel Quesnel, Jesus o Homem e o Filho de Deus, Gradiva; (vários autores) Colecção Vidas de Jesus, Edibesa (Madrid)
osé António Pagola publicou em 2007 Jesus - Uma Abordagem Histórica. Houve quem, na Igreja Católica espanhola, o lesse como um tratado de cristologia e não como uma obra de historiografia: a Comissão Episcopal da Doutrina da Fé española criticou algunas passagens do livro. Com 72 anos, o biblista basco dirige o Instituto de Teologia e Pastoral da diocese de San Sebastian. Em Espanha, o livro tem já nove edições. Nesta entrevista, Pagola sintetiza alguns dos aspectos da investigação mais recente sobre Jesus.
Sabemos alguma coisa, afinal?
"Há muitos aspectos sobre o Jesus histórico que permanecerão um mistério", escreve Ed Parish Sanders. Jesus teve irmãos? Como e quando nasceu? Que consciência tinha acerca da missão que assumira (ou, para os crentes, que tinha enquanto Deus)? Ressuscitou ele na manhã de Páscoa?
Ainda Sanders: "Nada é mais misterioso do que a história da sua ressurreição, que tenta retratar uma experiência que os próprios autores não conseguiram compreender. Mas (...) sabemos muito sobre Jesus. Sabemos que iniciou a vida pública sob João Baptista, que teve discípulos, que esperava o Reino, que foi da Galileia para Jerusalém, fez algo hostil ao Templo, foi julgado e crucificado. (...) Sabemos quem ele era, o que fez, o que ensinou e porque morreu; e, talvez o mais importante, sabemos como inspirou os seus seguidores, que, por vezes, não o entenderam, mas que lhe foram tão fiéis que mudaram a história."
Bibliografia utilizada:
Albert Nolan, Jesus Hoje, Paulinas; Armand Puig, Jesus - Uma Biografia, Paulus ; E.P. Sanders, A Verdadeira História de Jesus, Notícias/Casa das Letras; Ernest Renan, A Vida de Jesus, Livros de Vida; Frédéric Lenoir, Cristo Filósofo, Caleidoscópio; Giovanni Papini, História de Cristo, Livros do Brasil; Henri Tincq, Os Génios do Cristianismo, Público/
Joachim Gnilka, Jesus de Nazaré, Presença; Joaquim Carreira das Neves, Jesus Cristo - História e Mistério, Ed. Franciscana; John P. Meier, Um Judeu Marginal - Repensando o Jesus Histórico, Imago (Brasil), distr. Dinalivro;
José Antonio Pagola, Jesus --Uma Abordagem Histórica, Gráfica de Coimbra; José Tolentino Mendonça, A Construção de Jesus, Assírio & Alvim; (idem), A Leitura Infinita, Assírio & Alvim; Joseph Marie Lagrange, Vida de Jesucristo Segun el Evangelio, Edibesa (Madrid) ; Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros; Michel Quesnel, Jesus o Homem e o Filho de Deus, Gradiva; (vários autores) Colecção Vidas de Jesus, Edibesa (Madrid)
osé António Pagola publicou em 2007 Jesus - Uma Abordagem Histórica. Houve quem, na Igreja Católica espanhola, o lesse como um tratado de cristologia e não como uma obra de historiografia:
Manuel Magalhães
Os evangelhos são as principais fontes históricas para chegar a Jesus?
Ainda que seja necessário investigar Jesus a partir de todas as fontes literárias disponíveis (textos de Qumran, literatura rabínica, evangelhos apócrifos...), não há dúvida de que os evangelhos sinópticos são a fonte mais fiável e mais rica para conhecer Jesus. Tem razão James Dunn quando afirma que, para conhecer Jesus, temos de nos esforçar por captar da forma mais clara possível o "impacto" que deixou nos seus seguidores mais próximos.
Um dos temas divergentes entre exegetas é o das narrativas de infância. Em que ficamos? São narrativas simbólicas ou devemos lê-las como relatos verdadeiros?
Um estudo crítico rigoroso dos chamados "evangelhos da infância" mostra que, mais que relatos de carácter biográfico, são composições cristãs elaboradas à luz da fé em Cristo ressuscitado. Aproximam-se muito de um género literário chamado midrash hagádico, que descreve o nascimento e a infância de Jesus à luz de factos, personagens ou textos do Antigo Testamento. Não foram redigidos para informar sobre os factos ocorridos (provavelmente sabia-se pouco), mas para proclamar a boa notícia de que Jesus é o messias esperado em Israel e o filho de Deus nascido para salvar a humanidade. Esta é a posição dos melhores especialistas.
As curas que Jesus fez são milagres ou sinais?
Mesmo que seja difícil de precisar o grau de historicidade de cada relato, não há dúvida de que Jesus realizou curas de diferentes tipos de doentes, que foram consideradas pelos seus contemporâneos como milagrosas. Jesus apresentou as suas curas e exorcismos como sinais da chegada salvadora de Deus aos mais atingidos pelo sofrimento e pela desgraça. No entanto, Jesus resistiu sempre a realizar os sinais espectaculares que, provavelmente, lhe pediam alguns sectores críticos.
Jesus nunca falou muito de si mesmo...
A sua mensagem centra-se no que Ele chama "reino de Deus". As suas palavras inconfundíveis e as suas belas parábolas convidam a "entrar" na dinâmica do reino de Deus. Jesus apresentava-se como o proclamador e portador do reino de Deus. Provavelmente, não empregou nenhum termo para se definir a si mesmo, se exceptuarmos o de "Filho do Homem".
Jesus convida a segui-lo, convida a entrar no reino de Deus... mas não oferece uma doutrina articulada, uma "cristologia" sobre a sua pessoa. A cristologia que encontramos formulada no quarto evangelho provém das comunidades crentes, que perscrutam legitimamente o mistério de Jesus Cristo, a partir da sua vida extraordinária e à luz da sua ressurreição.
Que mensagem queria Jesus transmitir? Só a de um profeta?
Jesus não se apresenta como um profeta mais. É o profeta do reino de Deus. Há alguns traços na sua vida que convidam a diferenciá-lo nitidamente dos profetas de Israel: a proclamação de que o reino de Deus está já a chegar com ele e nele, nas suas palavras e nas suas acções curadoras; a sua autoridade sobre a lei de Moisés; a sua invocação a Deus como abbá [paizinho]; o seu oferecimento do perdão e da amizade de Deus aos pecadores; a sua chamada radical a segui-lo até à morte...
Jesus chamava a Deus, Pai; e ele, afinal, era homem ou Deus?
Com métodos exclusivamente históricos não é possível penetrar na consciência de Jesus para responder a essa pergunta. A afirmação da condição divina de Jesus, a sua consciência filial de Filho de Deus, a relação peculiar que Jesus, Filho de Deus encarnado, vive com seu pai... são temas que ficam de fora do campo da investigação histórica. Eu creio que Jesus é o Filho de Deus feito homem para a nossa salvação, mas a minha fé não depende das investigações dos historiadores.
Os evangelhos são as principais fontes históricas para chegar a Jesus?
Ainda que seja necessário investigar Jesus a partir de todas as fontes literárias disponíveis (textos de Qumran, literatura rabínica, evangelhos apócrifos...), não há dúvida de que os evangelhos sinópticos são a fonte mais fiável e mais rica para conhecer Jesus. Tem razão James Dunn quando afirma que, para conhecer Jesus, temos de nos esforçar por captar da forma mais clara possível o "impacto" que deixou nos seus seguidores mais próximos.
Um dos temas divergentes entre exegetas é o das narrativas de infância. Em que ficamos? São narrativas simbólicas ou devemos lê-las como relatos verdadeiros?
Um estudo crítico rigoroso dos chamados "evangelhos da infância" mostra que, mais que relatos de carácter biográfico, são composições cristãs elaboradas à luz da fé em Cristo ressuscitado. Aproximam-se muito de um género literário chamado midrash hagádico, que descreve o nascimento e a infância de Jesus à luz de factos, personagens ou textos do Antigo Testamento. Não foram redigidos para informar sobre os factos ocorridos (provavelmente sabia-se pouco), mas para proclamar a boa notícia de que Jesus é o messias esperado em Israel e o filho de Deus nascido para salvar a humanidade. Esta é a posição dos melhores especialistas.
As curas que Jesus fez são milagres ou sinais?
Mesmo que seja difícil de precisar o grau de historicidade de cada relato, não há dúvida de que Jesus realizou curas de diferentes tipos de doentes, que foram consideradas pelos seus contemporâneos como milagrosas. Jesus apresentou as suas curas e exorcismos como sinais da chegada salvadora de Deus aos mais atingidos pelo sofrimento e pela desgraça. No entanto, Jesus resistiu sempre a realizar os sinais espectaculares que, provavelmente, lhe pediam alguns sectores críticos.
Jesus nunca falou muito de si mesmo...
A sua mensagem centra-se no que Ele chama "reino de Deus". As suas palavras inconfundíveis e as suas belas parábolas convidam a "entrar" na dinâmica do reino de Deus. Jesus apresentava-se como o proclamador e portador do reino de Deus. Provavelmente, não empregou nenhum termo para se definir a si mesmo, se exceptuarmos o de "Filho do Homem".
Jesus convida a segui-lo, convida a entrar no reino de Deus... mas não oferece uma doutrina articulada, uma "cristologia" sobre a sua pessoa. A cristologia que encontramos formulada no quarto evangelho provém das comunidades crentes, que perscrutam legitimamente o mistério de Jesus Cristo, a partir da sua vida extraordinária e à luz da sua ressurreição.
Que mensagem queria Jesus transmitir? Só a de um profeta?
Jesus não se apresenta como um profeta mais. É o profeta do reino de Deus. Há alguns traços na sua vida que convidam a diferenciá-lo nitidamente dos profetas de Israel: a proclamação de que o reino de Deus está já a chegar com ele e nele, nas suas palavras e nas suas acções curadoras; a sua autoridade sobre a lei de Moisés; a sua invocação a Deus como abbá [paizinho]; o seu oferecimento do perdão e da amizade de Deus aos pecadores; a sua chamada radical a segui-lo até à morte...
Jesus chamava a Deus, Pai; e ele, afinal, era homem ou Deus?
Com métodos exclusivamente históricos não é possível penetrar na consciência de Jesus para responder a essa pergunta. A afirmação da condição divina de Jesus, a sua consciência filial de Filho de Deus, a relação peculiar que Jesus, Filho de Deus encarnado, vive com seu pai... são temas que ficam de fora do campo da investigação histórica. Eu creio que Jesus é o Filho de Deus feito homem para a nossa salvação, mas a minha fé não depende das investigações dos historiadores.
Manuel Magalhães
Sabe-se porque Jesus morreu?
Foi preso pelas autoridades religiosas do Templo na sequência de um gesto profético de Jesus contra o sistema do Templo. A aristocracia sacerdotal do Templo convenceu-se da perigosidade que Jesus significava e entregou-o ao procurador romano Pôncio Pilatos, que foi quem ditou a sentença de morte. No momento da sua detenção, foi abandonado pelos seus discípulos mais próximos.
O cristianismo funda-se na ressurreição de Jesus. Ele ressuscitou?
Em sentido estrito, um estudo histórico sobre Jesus há-de acabar quando acaba a sua história na execução no Gólgota, no ano 30. A ressurreição do crucificado já não pertence propriamente à História terrena de Jesus, pois, segundo os seus seguidores, não é um retorno de Jesus a esta nossa vida no mundo, mas a sua passagem à vida de Deus.
Sabe-se porque Jesus morreu?
Foi preso pelas autoridades religiosas do Templo na sequência de um gesto profético de Jesus contra o sistema do Templo. A aristocracia sacerdotal do Templo convenceu-se da perigosidade que Jesus significava e entregou-o ao procurador romano Pôncio Pilatos, que foi quem ditou a sentença de morte. No momento da sua detenção, foi abandonado pelos seus discípulos mais próximos.
O cristianismo funda-se na ressurreição de Jesus. Ele ressuscitou?
Em sentido estrito, um estudo histórico sobre Jesus há-de acabar quando acaba a sua história na execução no Gólgota, no ano 30. A ressurreição do crucificado já não pertence propriamente à História terrena de Jesus, pois, segundo os seus seguidores, não é um retorno de Jesus a esta nossa vida no mundo, mas a sua passagem à vida de Deus.
Manuel Magalhães
MAIS DADOS: http:// cavrt.blogspot.p t/2013/03/ carreira-das-nev es-videos.html [O exegeta Carreira das Neves pensa que as narrativas da infância de Jesus contidas nos evangelhos de Mateus e Lucas são narrativas "midrashicas" - ou seja, catequéticas, "criadas literariamente" para explicar determinada mensagem. "Não se pode comprovar historicamente o nascimento virginal" - que leva à discussão sobre se Jesus tinha ou não irmãos -, por exemplo. Esses temas devem ser deixados à liberdade de investigação dos exegetas, defende o biblista português. ]
CAV Reformed Theology: CARREIRA DAS NEVES - VIDEOS [HEMEROTECA DE EXEGESE]
cavrt.blogspot. com
Extra: https:// groups.google.co m/forum/ ?hl=es&fromgroup s#!msg/ tradicional/ xPMHXoCeQ-0/ TMo57rBC7dAJ
Sete coisas novas sobre o homem que abalou o mundo - Google Groups
groups.google.c om
O "autor-ficcioni sta" de Mateus 1,18-2,23 dá mostras de uma grande liberdade nas suas citações do TANAK. Fusiona textos sem a preocupação de os distinguir segundo as suas origens; importa-se com o anúncio profético, mas não com a identidade do profeta. Quando existem várias compreensões do texto, Mateus adopta a que mais se coaduna com o seu propósito. Acontece-lhe retocar o texto no sentido do anúncio que nele quer ler. Não é impossível que, no caso de Mt 2,23, invoque um texto inexistente. Mateus goza de uma liberdade criadora. De facto, a sua interpretação jesulógica do TANAK deu origem a um texto novo, o Evangelho segundo São Mateus. »» CHEGA-SE À CONCLUSÃO FIRME QUE É TODO UM MIDRASH, UMA REFLEXÃO-ROMANC E. É UM DIÁLOGO COM O LEITOR QUE O LEVA A ESPERAR A SOLUÇÃO NO FUTURO. A ARTICULAR UMA ÉTICA, A MARCAR A SUA INDIVIDUALIDADE , A CHEGAR SEM MEDO AO POVO. UM DIA TEREMOS ALGUÉM ERUDITO (UM ESCOLIASTA PLURAL, UM BRAINSTORMING DE TIPO COLECTIVO) A PERCEBER A INTELIGENTE LINGUAGEM CIFRADA E APARENTEMENTE INGÉNUA. Dizia um espanhol de boa cepa, que foi o meu professor de exegese, a brincar: "Siempre pasa esto, hombre: ._. (cuando se unen Plutón y Saturno en el signo de Virgo)"...
MAIS DADOS: http://
CAV Reformed Theology: CARREIRA DAS NEVES - VIDEOS [HEMEROTECA DE EXEGESE]
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Extra: https://
Sete coisas novas sobre o homem que abalou o mundo - Google Groups
groups.google.c
O "autor-ficcioni
Manuel Magalhães
D'us nas fronteiras deste mundo,
D'us que cruzamos como as sombras,
dá-nos um corpo de desejo
e um ouvido de começo,
fica connosco D'us que passas
e nossas mãos te larguem,
D'us confundido com a sede,
e as palavras que dizemos,
vem alterar o nosso corpo,
vem confundir a nossa fome,
D'us da palavra,
flor do vento,
manhã que vem em Jesus [...].
José Augusto Mourão (1947-2011)
»»»»» A Ressurreição não pertence à história empírica de Jesus. Não há testemunhas que tivessem presenciado a ressurreição no momento em que Jesus ressuscitou. O relato aconteceu mais tarde quando as mulheres e os apóstolos dão conta das experiências que tiveram com Jesus Ressuscitado. A ressurreição não é, como alguns pensam, a reanimação de um cadáver, ou seja, voltar à vida que se tinha antes de morrer. Citando uma vez mais o Padre Carreira das Neves: “nas narrativas da ressurreição há um ponto fundamental . Ele é o mesmo do madeiro. Não é apenas um espírito e muito menos um fantasma. É Jesus em corpo e alma. Como é o seu corpo? Ninguém sabe… ninguém o fotografou. “
A verdadeira identidade de Jesus é a que ficou expressa nas obras que fez e na mensagem que nos deixou. Os evangelhos dizem-nos que curou coxos, cegos, surdos e leprosos. Esteve ao lado dos pobres, marginalizados e excluídos da sociedade. Pregou o amor e o perdão. Nos evangelhos aparece apenas uma situação em que Jesus assume uma atitude mais dura: trata-se da expulsão dos vendilhões do Templo. »» Veja-se/ admire-se a acção construtiva de "SHALOM" do grande judeu brasileiro Gilberto Venturas.
"Hoje tive o grande prazer de conhecer pessoalmente o Rabino Lord Jonathan Sacks, Grão rabino da Grã Bretanha e ouvi-lo palestrando para um público de 1.500 pessoas, na sinagoga Beit Yaacov. Parabéns para os organizadores do evento e para o rabino, que é um exemplo de ser humano ímpar e orgulho para todo o povo judeu e para toda a humanidade, pois além de apoiar o dialogo inter-religioso , luta lado a a lado com lideres muçulmanos contra o anti-semitismo e a islamofobia, além de defender a dignidade da diversidade das culturas e da consciência humana! Thank you Sir Sacks!" E diz mais este pacificador: "A saudação Shalom, à palavra Shalem alude. Esta última significando pleno e a primeira PLENITUDE!
Por isso falei que paz, neste contexto apenas bom seria, pois plenitude é mais, implicando em plena harmonia!"
D'us nas fronteiras deste mundo,
D'us que cruzamos como as sombras,
dá-nos um corpo de desejo
e um ouvido de começo,
fica connosco D'us que passas
e nossas mãos te larguem,
D'us confundido com a sede,
e as palavras que dizemos,
vem alterar o nosso corpo,
vem confundir a nossa fome,
D'us da palavra,
flor do vento,
manhã que vem em Jesus [...].
José Augusto Mourão (1947-2011)
»»»»» A Ressurreição não pertence à história empírica de Jesus. Não há testemunhas que tivessem presenciado a ressurreição no momento em que Jesus ressuscitou. O relato aconteceu mais tarde quando as mulheres e os apóstolos dão conta das experiências que tiveram com Jesus Ressuscitado. A ressurreição não é, como alguns pensam, a reanimação de um cadáver, ou seja, voltar à vida que se tinha antes de morrer. Citando uma vez mais o Padre Carreira das Neves: “nas narrativas da ressurreição há um ponto fundamental . Ele é o mesmo do madeiro. Não é apenas um espírito e muito menos um fantasma. É Jesus em corpo e alma. Como é o seu corpo? Ninguém sabe… ninguém o fotografou. “
A verdadeira identidade de Jesus é a que ficou expressa nas obras que fez e na mensagem que nos deixou. Os evangelhos dizem-nos que curou coxos, cegos, surdos e leprosos. Esteve ao lado dos pobres, marginalizados e excluídos da sociedade. Pregou o amor e o perdão. Nos evangelhos aparece apenas uma situação em que Jesus assume uma atitude mais dura: trata-se da expulsão dos vendilhões do Templo. »» Veja-se/
"Hoje tive o grande prazer de conhecer pessoalmente o Rabino Lord Jonathan Sacks, Grão rabino da Grã Bretanha e ouvi-lo palestrando para um público de 1.500 pessoas, na sinagoga Beit Yaacov. Parabéns para os organizadores do evento e para o rabino, que é um exemplo de ser humano ímpar e orgulho para todo o povo judeu e para toda a humanidade, pois além de apoiar o dialogo inter-religioso
Por isso falei que paz, neste contexto apenas bom seria, pois plenitude é mais, implicando em plena harmonia!"
Manuel Magalhães
http:// cavrt.blogspot.p t/2013/03/ carreira-das-nev es-videos.html
CAV Reformed Theology: CARREIRA DAS NEVES - VIDEOS [HEMEROTECA DE EXEGESE]
cavrt.blogspot. com
»»»» Os evangelistas não foram testemunhas oculares dos acontecimentos que narram. Basearam-se na tradição oral e em pequenas frases escritas que circulavam (perícopas). Os evangelistas considerados canónicos pelas Igrejas não o foram por mera arbitrariedade ou por conveniência. A escolha foi feita com base nos seguintes critérios:
a-ligação directa com o grupo dos apóstolos e maior proximidade dos acontecimentos históricos (trata-se do chamado critério apostólico que inclui abundantemente factos de teor utópico/ estratégico/ anti semita [o episódio joanino da "Mulher Adúltera", adicionado a posteriori; ou a atitude pró Magistério dos fariseus por parte de Jesus, vide o verbete "cátedra de Moisés": http:// www.youtube.com/ embed/ tddCNY6U77Y?feat ure=player_deta ilpage] mas também aporta dados consistentes);
b-inclusão de palavras e factos históricos-estó ricos da vida de Jesus e não apenas um só conteúdo "mítico-legenda " (critério literário)
c-utilização nas pregações e na liturgia da Igreja universal (critério litúrgico)
The Hebrew Yeshua vs. the Greek Jesus
youtube.com
http://
CAV Reformed Theology: CARREIRA DAS NEVES - VIDEOS [HEMEROTECA DE EXEGESE]
cavrt.blogspot.
»»»» Os evangelistas não foram testemunhas oculares dos acontecimentos que narram. Basearam-se na tradição oral e em pequenas frases escritas que circulavam (perícopas). Os evangelistas considerados canónicos pelas Igrejas não o foram por mera arbitrariedade ou por conveniência. A escolha foi feita com base nos seguintes critérios:
a-ligação directa com o grupo dos apóstolos e maior proximidade dos acontecimentos históricos (trata-se do chamado critério apostólico que inclui abundantemente factos de teor utópico/
b-inclusão de palavras e factos históricos-estó
c-utilização nas pregações e na liturgia da Igreja universal (critério litúrgico)
The Hebrew Yeshua vs. the Greek Jesus
youtube.com
PADRE MÁRIO DA LIXA:
«Quando a fé move montanhas»
http:// www.apagina.pt/
O teólogo Padre Mário de Oliveira é uma consciência vigilante, vivendo não só à maneira de Espinosa do “amor intellectualis Dei”, mas também de uma fé que santifica porque nos faz mais solidários e fraternos (a dificuldade da mensagem de Jesus está aqui e não em rezar terços, ou venerar santinhos).
Acabo de reler um livro do teólogo Padre Mário de Oliveira. Este intitula-se Quando a fé move montanhas. O seu autor é um homem de fé, mas de uma fé que se confunde com um realismo insubornável diante do “mundo da vida”, diante das injustiças em que o nosso mundo é fértil, designadamente aquelas que são “programadas” pelo Ter e pelo Poder. Mário de Oliveira é uma consciência vigilante, vivendo não só à maneira de Espinosa do “amor intellectualis Dei”, mas também de uma fé que santifica porque nos faz mais solidários e fraternos (a dificuldade da mensagem de Jesus está aqui e não em rezar terços, ou venerar santinhos). Para ele, a fé não nos leva a acreditar em dogmas (autênticos disparates) da Imaculada Conceição, da infalibilidade pontifícia, do pecado original e nos quase-dogmas (disformes e grotescos) do milagre de Fátima e do celibato sacerdotal. A fé, para o Padre Mário de Oliveira, é uma versão do cristianismo primeiro, quando o cristianismo era a “religião dos escravos, protesto, mesmo se impotente, contra a ordem estabelecida, esperança no advento do Reino”. A fé, no Padre Mário de Oliveira, é transcendência, mas que não seja alienação, isto é, liberta de qualquer conotação com a ideologia do fundamentalismo neo-liberal ou de qualquer outro pensamento único. A transcendência, em Mário de Oliveira, é a negação de toda e qualquer espécie de determinismo. Em sintonia, aliás, com a interrogação de Jesus: “Homens de pouca fé, por que duvidais?”.
Ao lê-lo (e nem sei bem porquê) muitas vezes sou tentado a compará-lo com o Roger Garaudy que, na década de 70, na companhia de Teilhard de Chardin, me surgia com uma extraordinária energia de irradiação espiritual. A quente luminosidade das suas imagens, o ardor da sua emoção e a helénica serenidade da sua filosofia fizeram de Garaudy um autor que não mais esquecerei – como não esqueço o entendimento atilado e cáustico, bem ao jeito daquele filósofo francês, do Padre Mário de Oliveira. Por isso, o livro Quando a fé move montanhas deverá transformar-se num vade mecum para os que pretendem repensar o cristianismo, visando apresentá-lo de acordo com as mais sérias aspirações das mulheres e dos homens do nosso tempo. Como pode defender-se, hoje, o pecado original? O Padre Mário de Oliveira põe a nu, neste livro, o absurdo de um Deus, infinitamente justo, nos acusar de um mal que nunca praticámos: “Acontece, porém, que hoje sabemos que o pecado original nunca existiu, nem sequer houve um casal inicial do qual todos os seres humanos provêm (...). É verdade que tudo isso vem na Bíblia, no livro do Génesis, mas sabemos hoje que é um mito das origens, uma forma poética, simbólica de relatar o começo da Humanidade (...). Por isso, tudo o que a catequese oficial da Igreja continua a ensinar a este propósito é aldrabice. E o chamado dogma da Imaculada Conceição de Maria faz parte dessa aldrabice. A verdade à luz da Teologia cristã e do Evangelho de Jesus é que todos fomos concebidos em graça, em amor, em relação com Deus e estamos chamados a abrir-nos progressivament e uns aos outros, umas às outras, num amor cada vez maior e mais desinteressado” (p.17).
De facto, o pecado original; a virgindade de Maria, antes e depois do parto – são dogmas em que o achincalhe à inteligência sobe aos tons mais homéricos. Demais, propagados por padres que são mais do mesmo, ou seja, incapazes de criticar, com honestidade e coragem, as determinações que chegam de Roma e que reduzem o cristianismo ao nível infantil de uma filosofia pré-crítica. Roger Garaudy, no seu Marxisme du XXème Siècle, refere que o cristianismo criou uma dimensão nova do ser humano: a de pessoa humana, a de um ser que tem como atributo essencial a transcendência. Ora, “o encontro com a transcendência, ou antes, a irrupção da transcendência, não é uma experiência privilegiada e nada tem de teológico ou religioso, não é uma interrupção da ordem natural, por uma intervenção sobrenatural, mas é a experiência mais quotidiana, a experiência especificamente humana: a da criação” (pp. 113-114). A transcendência é a dimensão profética da vida e tem como radical fundante a liberdade. Mas como é possível a profecia, na Igreja Romana, se os profetas, como o Padre Mário de Oliveira, se vêem rodeados pela intolerância e a incompreensão da classe dominante da Igreja, dita Católica? E se nesta mesma Igreja, dita católica, há uma obediência cega à autoridade?
O Papa Joseph Ratzinger afirma que “o essencial da fé é que nela não me deparo com algo inventado; na fé, o que vem ao meu encontro supera em muito tudo quanto nós, os homens, somos capazes de pensar” (Joseph Ratzinger, Deus e o Mundo, Tenacitas, Coimbra, 2005, p. 31). Só que na fé oficial da Igreja Católica são em demasia as invenções, como aquelas que acima já citámos e outras, como a Ressurreição que se confunde com a reanimação do cadáver de Jesus crucificado, quando “o relato evangélico (assim no-lo ensina o Padre Mário, no livro Quando a fé move montanhas) de São João que fala disso é teológico e tem outra leitura/ interpretação. Quando falo de Mistério, não me refiro a uma realidade incompreensível , mas a uma Realidade-escon dida-que-se-nos -revela-e-nos-t ransforma, à medida que se nos revela”(p. 148). Daí que o Padre Mário se considere ateu: “ Também eu sou ateu, mas (...) sou ateu apenas de todos os deuses que se alimentam de gente. Por isso, posso dizer que sou ateu porque creio em Deus, no Deus de Jesus de Nazaré, o Crucificado/ Ressuscitado” (p. 49). Se não laboro em erro grave, julgo que o Padre Mário poderia fazer suas estas palavras de Roger Garaudy, em Parole d’Homme: “De que fé se trata? Fé em Deus? Fé no homem? É um falso problema: uma fé em Deus que não implicasse a fé no homem seria uma evasão e um ópio; uma fé no homem que não se abrisse ao que no homem supere o homem, mutilaria o homem da sua dimensão especificamente humana: a transcendência” (p. 225).
A crença no Deus que Jesus nos ensinou é também uma crença no Homem, porque (volto ao Padre Mário), “enquanto ressuscitado, Jesus é o ser humano com o Espírito Santo dentro” (p. 61). Não surpreende, por isso, que o autor deste livro viva “em estado quase contínuo de escuta do Deus vivo, o qual se nos revela e nos fala, nos acontecimentos de que são feitas todas as nossas vidas e todas as vidas de todas as pessoas e de todos os povos do mundo” (p. 69). Não é fácil reduzir a meia dúzia de linhas uma crítica a qualquer um dos livros do Padre Mário de Oliveira, mas considero uma decisão ética ler cada um deles, com atenção e respeito. Porque se trata de um teólogo informado e de um homem culto e de alguém que é capaz de dar a própria vida pelos valores em que acredita (como já o provou à saciedade). Se aqui é possível uma nótula de carácter pessoal, deixem-me que confesse que aprendi com o Padre Mário a perceber que não há separação entre o sagrado e o profano, porque (sem qualquer assomo de panteísmo) Deus está em tudo! E acabo de aprender, após a leitura deste livro, que a ressurreição de Cristo é ruptura e superação de um egoísmo acanhado, insignificante e anúncio de que, na nossa vida, tudo é possível, ou seja, o possível faz parte do real.
http://
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