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Teologia Relacional – Que bicho é esse?
Ricardo Gondim.
(Advertência - O texto é longo e pode fazer mal à sua religião! – quer enfrentar?)
Um Tsunami inundou as praias asiáticas e eu, angustiado com aquela tragédia, escrevi um texto. Erradamente, vazei minhas dúvidas, deixando transparecer em público a minha dor.
Acontece que isso não se faz entre evangélicos, que convivem com certezas. Quase fui linchado em praça pública, já que os protestantes brasileiros se habituaram a “convicções fortes” a uma “fé inabalável” e a “afirmações irredutíveis”.
Outro erro meu: tolamente não cogitei, naquela altura dos acontecimentos, que os teólogos e os pastores já tivessem as respostas com argumentos teológicos muito melhores do que os meus – tenho mais dúvidas do que certezas – para explicar a morte de algumas centenas de milhares de pessoas – a maioria pobre.
De lá para cá, espalha-se um amontoado de coscuvilhices pelos corredores evangélicos sobre a minha adesão à Teologia Aberta – “Open Theism” em inglês. Como as pessoas ouvem o galo cantar, mas não sabem onde, recebo cartas quase diariamente me perguntando que bicho é este chamado de Teologia Relacional.
Alguns queridos também escrevem preocupados com a minha vida diante desta “nova heresia”. Teismo Aberto e Teologia Relacional não são a mesma coisa. Vou tentar explicar a diferença.
Começo por afirmar que não gosto de rótulos ou cercas que buscam circunscrever as pessoas dentro de categorias. Considero pobre e reducionista taxar alguém de calvinista, arminiano, liberal, relativista ou de qualquer outra coisa. Digo isto porque busco não deixar-me restringir a uma “nova” teologia ou a repetir pensamentos enlatados, vindos de fora.
Lamento que os professores de seminário continuem a achar que aderi a uma única escola vinda dos Estados Unidos denominada “Teologia Relacional”. Eles nem sabem que este termo é totalmente desconhecido lá.
Aliás, o termo “Teologia Relacional” foi cunhado por mim e pelo Stanlei Belan, um engenheiro muito amigo, membro da congregação Betesda [Igreja Batista Betesda em São Paulo]. Nos nossos “papos-cabeça”, notamos que carecíamos de uma expressão que nos ajudasse a conceituar os nossos arrazoamentos.
Realmente não dá para imaginar que dois tupiniquins o inventaram nos arredores de São Paulo durante um retiro de carnaval.
Mas ao que Stanlei e eu nos referíamos quando criamos a expressão Teologia Relacional? Vamos por parte.
1. D'us relaciona-se com mulheres e homens em Amor.
Entendemos que a declaração joanina de que D'us é amor não visa conceituar ou definir filosófica ou teologicamente como um atributo divino, mas descrever a maneira como Ele decidiu soberanamente relacionar-se com a humanidade.
Entretanto, vimos que, ao dizer que D'us é amor, complexas implicações se levantavam. Decidimos levá-las às últimas consequências, foi aí que acabamos confrontando algumas práticas e percepções religiosas.
Senão, vejamos:
a) Um dos atributos do amor é  liberdade. Entendemos que não seria possível falar sobre amor e, ao mesmo tempo, aceitar que ele aconteça com algum tipo de coerção.
Sim, D'us pode arrastar (no calvinismo: “Graça Irresistível”) para si quem quiser. Mas, não é assim que a Bíblia revela o seu amor. Se agisse desta forma, D'us teria subordinados, vassalos, marionetes, jamais amigos, filhos maduros ou parceiros.
b) A liberdade como um atributo do amor, complicou ainda mais. Perguntamos: Como D'us pode conceder real liberdade, se a sua presença, o seu fulgor, a sua glória preenchem tudo? Como mulheres e homens poderiam desenvolver virtudes, atitudes maduras e comportamentos responsáveis com a presença de D'us transbordando no mundo, na realidade espacial e nos espaços existenciais?
D'us ausentou-se por amor!
O capítulo sobre o amor, escrito por André Comte-Sponville em “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes” (Ed. Martins Fontes), pode ajudar a compreender melhor o significado desta ausência divina:
“O que é este mundo… senão a ausência de D'us, a sua retirada, a sua distância (a que chamamos espaço), a sua espera (a que chamamos tempo), a sua marca (a que chamamos beleza)?
D'us só pôde criar o mundo retirando-se dele (senão só haveria D'us); ou, se nele se mantém (de outro modo não haveria absolutamente nada, nem mesmo o mundo), é sob a forma da ausência, do segredo, da retirada, como a pegada deixada na areia, na maré baixa, por um passeante desaparecido, única a atestar, mas por um vazio, a sua existência e o seu desaparecimento…
Temos aí uma espécie de panteísmo em negativo, que é a recusa de qualquer panteísmo verdadeiro ou pleno, de qualquer idolatria do mundo ou do real.
“Este mundo enquanto totalmente vazio de D'us é D'us mesmo”, e é por isso que “D'us está ausente, sempre ausente, como indica de resto a famosa prece: “Paizinho nosso que estás no Céu…”
Simone Weil leva a expressão a sério, e tira dela todas as consequências: “É o Pai/Mãe que está no Céu. Não em outra parte. Se acreditamos ter um Pai/Mãe aqui na terra, não é ele, é um falso D'us.” Espiritualidade do deserto, que não encontra ou não prega mais que “a formidável ausência, por toda a parte presente”, como dizia Alain, a que responde, na sua aluna, esta fórmula surpreendente: “É preciso estar num deserto".
Pois aquele que é preciso amar está ausente.” Mas é razoável esta ausência? Esta criação-desaparecimento? Este “bem feito em pedaços e espalhado através do mal”, estando entendido que bem possível já existia (em Deus) e que o mal só existe por esta dispersão do bem, pela ausência de D'us – pelo mundo? “Só se pode aceitar a existência da infelicidade considerando-a como uma distância”, escreve ainda Simone Weil. Que seja.
Mas qual a razão desta distância? E, já que esta distância é o próprio mundo, enquanto ele não é D'us (e ele só pode ser o mundo, evidentemente, desde que não seja D'us), que razões para "criar" o mundo? Para a criação?
Simone Weil responde: “D'us criou por amor, para o amor. Deus não criou outra coisa que não o próprio amor e os meios do amor.” Mas es'e amor não é um mais de ser, de alegria ou de potência. É exactamente o contrário: é uma diminuição, uma fraqueza, uma renúncia. O texto mais claro, mais decisivo, é sem dúvida este:
A criação é da parte de D'us um acto não de expansão de si, mas de retirada, de renúncia. Deus e todas as criaturas é menos que D'us sozinho. D'us aceitou esta diminuição. Esvaziou de si uma parte do ser.
Esvaziou-se já nesse ato de sua divindade. É por isso que João diz que o Cordeiro foi degolado já na constituição do mundo. Deus permitiu que existissem coisas diferentes Dele e valendo infinitamente menos que Ele. Pelo acto criador negou a si mesmo, como Cristo nos prescreveu nos negarmos a nós mesmos.
D'us negou-se em nosso favor, para nos dar a possibilidade de nos negar por Ele. Esta resposta, este eco que depende de nós recusar é a única justificativa possível à loucura de amor do ato criador.
As religiões que conceberam esta renúncia, esta distância voluntária, este apagamento voluntário de D'us, a sua ausência aparente e a sua presença secreta aqui embaixo, estas religiões são a verdadeira religião, a tradução em diferentes línguas da grande Revelação.
As religiões que representam a divindade como comandando em toda parte onde tenha o poder de fazê-lo são falsas. Mesmo que monoteístas, são idólatras…”.
Embora ateu, Comte-Sponville parece compreender bem que realmente só temos de D'us neste mundo, as suas “pegadas”, a sua “impressão digital” – “Os céus declaram a glória de D'us”.
Também concordo com John Hick (“Evil and the God of Love” – New York, Harper & Row; London, Mcmillan, 1966, p. 317) – quando elabora esta ausência divina do universo como um gesto do seu amor e não do seu abandono – como os deístas supunham:
“Ao criar pessoas finitas para amar e serem amadas por ele, D'us precisa dotá-las com certa autonomia relativa quanto a si mesmo”. Mas como pode uma criatura finita, dependente do Criador infinito quanto à sua própria existência e a cada poder e qualidade do seu ser, possuir qualquer autonomia significativa em relação a este Criador?
A única maneira que podemos imaginar é aquela sugerida pela nossa situação efectiva. D'us precisa colocar o homem à distância de si mesmo, de onde ele então pode vir voluntariamente a D'us. Mas como algo pode ser colocado à distância de alguém que é infinito e omnipresente? É óbvio que a distância espacial não significa nada neste caso.
O tipo de distância entre D'us e a humanidade que criaria certo espaço para certo grau de autonomia humana é a distância epistêmica. Em outras palavras, a realidade e a presença de D'us não devem se impor ao homem de forma coercitiva como o ambiente natural se impõe à atenção deles. O mundo deve ser para os homens, pelo menos até certo ponto, etsi deus non daretur, ‘como se D'us não existisse’.
Ele precisa ser cognoscível, mas apenas por um modo de conhecimento que implique uma resposta livre da parte do homem, consistindo essa resposta em uma atividade interpretativa não-compelida através da qual experimentamos o mundo como realidade que media a presença divina”.
c) Augustus Nicodemus, teólogo presbiteriano, escreveu um texto (http://www.teologiabrasileira.com.br/Materia.asp?MateriaID=140) em que procura analisar a Teologia Relacional (a partir de agora, tratada por TR).
No primeiro ponto do seu arrazoado, Nicodemus tenta explicar quais seriam pressupostos da TR:
“O atributo mais importante de D'us é o Amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que D'us é sensível e se comove com os dramas das suas criaturas”.
Tentemos compreender, frase por frase, o primeiro ponto de sua argumentação:
I) “O atributo mais importante de D'us é o Amor” –
Infelizmente, pela fragilidade dos seus argumentos, parece que ele nunca leu as obras originais de Clark Pinnock, John Sanders ou Gregory Boyd, apenas o que os seus críticos publicaram na internet.
Não conheço ninguém que, ao tentar descrever uma pessoa, consiga catalogá-la, como dona de um “atributo mais importante”, como: honestidade, justiça, bondade ou amor.
Se nas relações entre os humanos as complexidades são enormes, imagine a criatura tentando relacionar-se com o Divino. Deus não é uma “coisa” para destacar-se uma característica sua, mais importante ou mais singular.
Portanto, Nicodemus fez uma afirmação inconsistente com a revelação judaico-cristã de D'us como Pessoa, nunca defendida pelos escritores do teismo aberto ou por qualquer outro teólogo que eu já tenha lido. 

II) “Todos os demais [atributos] estão subordinados a este” –
De novo, Nicodemus afirma sem poder situar a fonte da sua declaração. Entretanto, agora fica nítido que está arando terreno para o que vai dizer logo depois, quando exporá uma premissa fundacional do ultra-calvinismo – a apatia divina.
Nicodemus quer, com uma só tacada, demolir as premissas do teísmo aberto e minar o senso comum da tradição evangélica que reconhece a ternura de Deus.
A sua próxima frase vai negar noções intuitivamente percebidas pela grande maioria dos evangélicos: D'us é afectuoso, sim.
III) “Isto significa que Deus é sensível e comove-se com os dramas humanos” –
Espere! Mas não é precisamente isto que as Escrituras repetidamente expressam sobre o Senhor? Por que a TR seria uma heresia por acreditar nos acfetos divinos? A não ser que Nicodemus leia as Escrituras com as lentes aristotélicas do “Motor Imóvel” ou da “Apatia Divina”, não há como entender o D'us da Bíblia, senão como uma Pessoa que se sensibiliza e se comove com o drama humano.
Considero desnecessário mencionar centenas e centenas de versículos tanto da Bíblia hebraica como da cristã em que o Todo-Poderoso lamenta e espera; sofre e ri; chora e tem paciência; pune e perdoa. Podem existir conceitos do Divino em que D'us não seja tocado pelo sofrimento humano, mas, seguramente, ele não se parecerá com o D'us Encarnado dos cristãos.
Finalizando, entendo que a Bíblia revela um D'us amoroso usando a metáfora do Pai/Mãe para significar a intensidade como Ele nos quer bem:
“Como a ternura de um pai para com seus filhos, assim terno é Ela-Ele para aqueles que o temem; pois ele sabe de que somos feitos, lembra-se de que somos pó” – Sl 103.13-14.

Segue-se uma entrevista que eu dei:


"D'us livre-nos de um Brasil evangélico.” Quem afirma é um pastor e escritor, o cearense [do Ceará, Brasil] Ricardo Gondim. Segundo ele, o movimento neopentecostal expande-se com um projecto de poder e imposição de valores, mas no seu crescimento estão as raízes da própria decadência. Os evangélicos, diz Gondim, absorvem cada vez mais elementos do perfil religioso típico dos brasileiros, embora tendam a recrudescer em questões como o aborto e os direitos homossexuais. Aos 57 anos, pastor há 34, Gondim é líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista. E tornou-se um dos mais populares críticos do mainstream evangélico, o que o transformou em alvo. “Sou o herege da vez”,  diz na entrevista a seguir.

CartaCapital: Os evangélicos tiveram papel importante nas últimas eleições. O Brasil está se tornando um país mais influenciável pelo discurso desse movimento?
Ricardo Gondim: Sim, mesmo porque, é notório o crescimento do número de evangélicos. Mas é importante fazer uma ponderação qualitativa. Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico também se deixa influenciar. O rigor doutrinário e os valores típicos dos pequenos grupos se dispersam, e os evangélicos ficam mais próximos do perfil religioso típico do brasileiro.
CC: Como o senhor define esse perfil?
RG: Extremamente eclético e ecumênico. Pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um “evangelicalismo popular”, nos moldes do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás. O movimento cresce, mas perde força. E por isso tem de eleger alguns temas que lhe assegurem uma identidade. Nos Estados Unidos, a igreja se apega a três assuntos: aborto, homossexualidade e a influência islâmica no mundo. No Brasil, não é diferente. Existe um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras. Há aberrações éticas enormes.
CC: O senhor escreveu um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”. Por que um pastor evangélico afirma isso?
RG: Porque esse projeto impõe não só a espiritualidade, mas toda a cultura, estética e cosmovisão do mundo evangélico, o que não é de nenhum modo desejável. Seria a talebanização do Brasil. Precisamos da diversidade cultural e religiosa. O movimento evangélico se expande com a proposta de ser a maioria, para poder cada vez mais definir o rumo das eleições e, quem sabe, escolher o presidente da República. Isso fica muito claro no projeto da Igreja Universal. O objetivo de ter o pastor no Congresso, nas instâncias de poder, é o de facilitar a expansão da igreja. E, nesse sentido, o movimento é maquiavélico. Se é para salvar o Brasil da perdição, os fins justificam os meios.
CC: O movimento americano é a grande inspiração para os evangélicos no Brasil?
RG: O movimento brasileiro é filho direto do fundamentalismo norte-americano. Os Estados Unidos exportam seu american way oflife de várias maneiras, e a igreja evangélica é uma das principais. As lideranças daqui leem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental. A igreja americana é pragmática, gerencial, o que é muito próprio daquela cultura. Funciona como uma agência prestadora de serviços religiosos, de cura, libertação, prosperidade financeira. Em um país como o Brasil, onde quase todos nascem católicos, a igreja evangélica precisa ser extremamente ágil, pragmática e oferecer resultados para se impor. É uma lógica individualista e antiética. Um ensino muito comum nas igrejas é a de que Deus abre portas de emprego para os fiéis. Eu ensino minha comunidade a se desvincular dessa linguagem. Nós nos revoltamos quando ouvimos que algum político abriu uma porta para o apadrinhado. Por que seria diferente com Deus?
CC: O senhor afirma que a igreja evangélica brasileira está em decadência, mas o movimento continua a crescer.
RG: Uma igreja que, para se sustentar, precisa de campanhas cada vez mais mirabolantes, um discurso cada vez mais histriônico e promessas cada vez mais absurdas está em decadência. Se para ter a sua adesão eu preciso apelar a valores cada vez mais primitivos e sensoriais e produzir o medo do mundo mágico, transcendental, então a minha mensagem está fragilizada.
CC: Pode-se dizer o mesmo do movimento norte-americano?
RG: Muitos dizem que sim, apesar dos números. Há um entusiasmo crescente dos mesmos, mas uma rejeição cada vez maior dos que estão de fora. Hoje, nos Estados Unidos, uma pessoa que não tenha sido criada no meio e que tenha um mínimo de senso crítico nunca vai se aproximar dessa igreja, associada ao Bush, à intolerância em todos os sentidos, ao Tea Party, à guerra.
CC: O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?
RG: Sou a favor. O Brasil é um país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossensuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.
CC: O senhor enfrenta muita oposição de seus pares?
RG:  Muita! Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem, então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida.
CC: Mas os movimentos cristãos foram sempre na direção oposta.
RG: Não necessariamente. Para alguns autores, a decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente.
Soli Deo Gloria.